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GEORGENOR FRANCO
Poeta paraense, vice-presidente (em 1961) da Academia Paraense de Letras e sócio fundador do Sindicato dos Jornalista Profissionais do Pará.
FRANCO, Georgenor. Rosa da Noite. Poemas. Belém, PA:Gráfica Falangola Editora, 1961. S. p. 16 x 23 cm. "Menção honrosa no concurso de 1960 do Clube de Poesia de Campos –RJ."
Ex. bibl. Antonio Miranda
POEMA NÚMERO
1
("Quem me apedreja de luar e sol" – Paulo Bomfim)
Quem me escraviza de sorrisos e preces
quando sonho com o luar de outros passados
buscando beijos que se perderam em noites
de noites que madrugaram em minha vida?
Que rosas loucas me estonteiam a vista
roubando a luz aos olhos que procuro,
inquietando o coração das raízes
martirizando o sonho com espinhos de inveja?
Sorrisos e preces que me convidam à vida
espalham lírios na saudade circundante
e matem, em mim, a nostalgia do acordar.
Quem me sorri e reza escravizando
desconhece o martírio da esperança
ignora o gemido das pedras nos caminhos.
POEMA NÚMERO
7
Volto e nada vejo as coisas procuradas
pelo delírio do tempo que gastei.
As rosas morreram com os gestos do tempo
e o perfume da terra adormeceu a vida.
Na alcova, a cama sem resposta
e um silêncio maior que a benção de Deus.
Nas cortinas, carícias de tuas mãos
predizendo encontros com meus olhos.
No cofre das joias conquistadas
um pedaço de carta que não leio
compreendida a expressão de tua letra.
Volto e nada percebo das coisas procuradas.
Apenas um silêncio maior que a necessidade
de pedir perdão da partida sem o beijo do adeus.
POEMA NÚMERO
13
Azíago, horroroso, tétrico, gritante,
traz na vida o pavor das incertezas
e a marca de nódoas repelentes.
É um número perpetuando desatinos.
Se fosse flor perfumaria seios e leitos.
Exaltaria ventres e exultaria em frutos.
Seria luar em noites oceânicas
e bênção à fronte de lírios moribundos.
É um número assinalando cruzes insepultas
no vácuo gigantesco de mãos sacrificadas
pela ambição da multiplicação de números.
Treze — aziago número de Maio.
Um círio lagrimando dores incuradas
no olhar mais frio dos olhos de mamãe.
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Página publicada em julho de 2021
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